Triste Ratatouille
Enquanto estou aqui assistindo um jogo de futebol na TV, tem
um ratinho morrendo asfixiado dentro de uma sacola plástica no lixeiro do
banheiro. Mas que trágico, penso, começar uma crônica com uma situação como
essa. É nada, penso de novo, tentando me
convencer que isso é algo normal que acontece em toda casa, mas que no fundo eu
sinto que pra mim não é. Mas deixa assim, tento me convencer. Afinal, isso
parece ser uma situação tão desprezível. Continuemos então. Ainda me atrevo a
chamar de maneira carinhosa, o ratinho.
E só pra frisar, entre os comentaristas do jogo, Barcelona e Paris Saint
Germain, estava Michel Teló. Achei importante destacar. Mas voltando ao pequeno
acontecimento. Fui até a cozinha, lá vi minha cadela, Jude, brincando com um
rato. Jude brincava, mas para o rato parecia ser daquelas brincadeiras chatas
que machucam. Ele ia atravessar a cozinha, por azar não deu tempo de chegar
debaixo do fogão. Desde ontem percebi que Jude estava à espreita, então de hoje
parece não ter passado. Espantei Jude e
me aproximei do bichinho. Era tão pequeno, longe do buraco da parede, longe da
mãe, dos irmãos. Sua respiração era nervosa e frenética, suas patas traseiras
tremiam. Toquei-o com uma garrafa plástica e ele pareceu empurrá-la. “ Que brincadeira
sem graça, agora me deixe pelo menos morrer em paz”, pareceu dizer. Senti dó e o empurrei para debaixo do fogão. Se ele
não estivesse fingindo estar morto pensando em fugir logo que eu e Jude déssemos
as costas, pelo menos iria morrer em paz, talvez. Enquanto isso, Jude me olhava
nos olhos, “ Me deixa brincar só mais um pouco”. Não Jude ! Voltei para a sala,
o jogo ainda estava passando. Ouvi um barulho vindo da cozinha, fui até lá.
Estava o pobre ratinho preso debaixo de uma vassoura. Ele ia voltar,mesmo todo
machucado, para casa, pelo mesmo
caminho, pela cozinha, e minha mãe o pegou.
Falei que Jude estava querendo matar ele e que ele fugiu para debaixo do
fogão. Minha mãe pegou uma sacola plástica. – Você vai fazer o que¿ - Perguntei
– E você quer que eu faça o que¿ - Ela responde. Não sei, apenas penso, e fico
calado. Se vai fazer isso, mata logo – Volto a falar – Eu não – Ela diz -, mata
tu! Tenho coragem não, apenas penso
novamente, e continuo calado. Então não preciso continuar a crônica, já que o
final você já conhece.
Por Erik Kleiver
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