Por: Juliana Carla S. Carvalho
2142, quinta feira, dia 22 de
fevereiro. 23:55.
Era uma estrada de terra seca e
árvores retorcidas que pareciam dançar ao som arrepiante do vento.
As sombras das árvores produzidas pela lua, eram como se desejassem
arrancar os espíritos dos viajantes com suas garras, para o mais
profundo abismo da escuridão.
Nessas estradas de terra, rumo à
Campina, fazia tanto frio como Fernanda nunca tinha sentindo antes.
Sentiu um calafrio como se a morte estivesse por perto e acabado de
tocá-la.
Na mesma hora pediu para que Anderson
parasse. Estavam de viajem por dois dias. Começou a sentir febre e a
suar frio. O esposo se preocupou, afinal, Fernanda estava no quinto
mês de gestação.
Na estrada não passava ninguém e o
frio apertava cada vez mais. Um pouco mais adiante avista uma
luminosidade. Anderson fez o velho cavalo puxar a carroça novamente,
desta vez, bem mais rápido para conseguir chegar até a porta do que
parecia uma casinha de pau a pique. Já passavam de 00:05 da noite
quando ele bate e grita por ajuda, mas Fernanda desmaia antes que
alguém possa responder.
O sol já estava alto no céu, tão
quente quanto ao meio dia. Um velho com seu chapéu de palha que
escondia o seu rosto, montava em um asno. Tinha a pele castigada pelo
sol, mas já estava velho demais para se preocupar com isso. Não
olhava para os lados, já estava acostumado com a paisagem seca e com
as poucas árvores retorcidas que ainda suportam o clima e as chuvas
ácidas. Ele parecia que não havia lugar nenhum para ir, apenas
seguia calmamente com seu velho asno que a muito lhe servia.
A viagem estava tranquila, até o
animal de repente parar. O velho finalmente olha para frente,
deixando que o sol iluminasse o seu rosto. Ele avistava uma carroça,
abandonada no meio da estrada de terra. Franziu os cenhos e bateu
levemente as pernas na barriga do asno, para que ele se aproximasse.
Pôde ver um homem jovem, caído ao lado da carroça, mas o curioso
era ele estar com um dos punhos fechados, tocando em uma árvore,
como se fosse bater nela.
O velho desce do animal e se aproxima
do homem que estava de bruços no chão. Toca no ombro, mas o homem
nada responde, então faz certa força para virá-lo. E o que vê, é
um rosto coberto de larvas que passavam livremente por sua boca,
nariz e olhos. Mas em sua mão, estava uma aldraba.
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