terça-feira, 28 de agosto de 2012

George Méliès - O pai dos efeitos especiais


Méliès nasceu na frança em 8 de dezembro de 1891. No início foi um famoso ilusionista, até que o encontro com o mundo cinematográfico o transformaria em um dos maiores nomes do cinema. Ele produziu mais de 500 filmes e construiu o primeiro estúdio cinematográfico da Europa.  



Seu encontro com o mundo da cinematografia se deu na primeira exibição pública de um filme. Os irmãos Lumiere, considerados como os criadores do cinema, organizaram e fizeram a exibição de algumas imagens no então Grand Café em Paris.  



Louis e Auguste Lumiere

O pai dos Lumiere possuía uma fábrica de filmes fotográficos. Os irmãos construíram uma câmera filmadora e foram registrar o cotidiano, que pra época era algo fantástico. Abaixo veremos dois dos seus principais trabalhos:  




  • Os Lumiere posicionaram a câmera de frente a porta de saída da fábrica e registraram o que vocês podem ver, apenas as pessoas caminhando para fora. Muito simples. Mas pra época era algo surpreendente a possibilidade de registra para sempre uma ação ou movimento.



  • Mais uma vez com a câmera parada eles registraram outra ação. Um trem chegando na ferrovia. A exibição desse filme foi um fato curioso. Todos os acentos da sala onde seriam exibidos os filmes foram ocupados, mas quando a pessoas viram aquele trem se aproximando, naquela grande tela, dizem que não sobrou ninguém, todos saíram correndo achando que o trem era de verdade. Outra história diz que as pessoas apenas gritaram. Acho mais interessante e engraçado acreditar no fato delas terem corrido. Acho mais cinematográfico.





George Méliès foi um dos que presenciaram esse acontecimento do trem. Ele ficou deslumbrado com o que viu e tratou de pedir para que os irmãos Lumiere lhe vendesse uma câmera daquelas. Eles não aceitaram a idéia dizendo que não teria futuro, e que não passaria  apenas de uma coisa que registrava o real e o histórico e que logo ficaria obsoleto e ninguém mais se interessaria.
Méliès não desistiu e criou sua própria câmera. Ele pensava em usar esse equipamento para incrementar suas mágicas. Começou a fazer filmes e foi se aperfeiçoando. Foi o primeiro a usar a trucagem, efeitos como stop-action ou stop-motion, entre outros. Ele também foi precussor na ideia do filme colorido, de forma engenhosa e artesanal ele mesmo pintou alguns dos seus trabalhos.



Imagem do filme, A viagem a lua.



Abaixo indicamos alguns dos seus belos e surpreendentes trabalhos, inclusive o clássico, A viagem a lua:  



























Infelizmente, Méliès faleceu sem o reconhecimento devido. Por decorrência da Primeira Guerra Mundial alguns teatros foram fechados, inclusive o seu. Ele ficou desacreditado e a história diz que suas obras foram vendidas para fábricas de celulóide para fabricação de sapatos para soldados. Revoltado, ele vendeu o resto de suas obras para uma fábrica de esmaltes. George Méliès morreu falido e sem sucesso.


Sugerimos o filme, A invenção de Hugo Cabret, dirigido por Martin Scorsese, que faz uma linda homenagem ao cinematograficamente eterno George Méliès.

Abaixo, o trailer do filme:





Você pode baixar no Filmes Hunter.





Postagem:  Erik Kleiver


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Fim dos tempos


O tempo que corre é o mesmo que para
Para o que quero fazer e para o que eu quero ser.
Não volta o que eu fui e nem pula do precipício.
Ah se ele soubesse que mata!
E se ficasse preso ao vento que movimenta meu corpo e nunca me encontrasse no processo de translação.
O meu pé que ele leva por cima da areia e do asfalto, nunca o toca com a mesma pele. Nunca sou o mesmo.
Cascas e cascos, que viram areia e asfalto para os outros pisarem.
Que um dia irá tampar meu rosto, prender minhas mãos por cima dos olhos, quando meus joelhos atrofiarem sem poder dobrá-los por falta de espaço em minha cama. Mas tudo isso sem medo. O futuro claustrofóbico implacável que não me deixa tranquilo há de me deixar em paz, como um sincero abraço de um amigo.


Por: Erik Kleiver

sábado, 4 de agosto de 2012

Contos mal contados #9


O monstro da parede


- Mãe!  - Grita o menino.

Seus pais se acordam. - o que será dessa vez? - Pergunta  Flávio, seu pai. - Enquanto a mãe se levanta rapidamente, Flávio vai abrindo os olhos sonolentos.
Ela não fala nada e sai correndo para o quarto de Junior. - O que foi meu filho? - Pergunta abrindo a porta com toda força que bate na parede fazendo um barulho que assusta Flávio, que também sai em alvoroço para o quarto de seu filho.

Junior está todo coberto. Dá para vê-lo segurando o lençol com as duas mãos por cima da cabeça e tremendo como nunca. Um dos pés para fora, como se o medo fosse tão grande que ele não tinha coragem de soltar o lençol, ou até de movimentar pelo menos um dedo se quer.
A luz que entra pela porta faz da cama de Junior uma pintura que com certeza poderia se chamar de "medo". - O que é que esse menino tem Luiza? - Pergunta o pai. Luiza se aproxima do filho, sem dá atenção a Flávio. - Filho, o que foi? Diga a sua mãe.- Ela se agacha do lado da cama, põe a mão direita sobre as mãos de Junior por cima do pano, mas ele aperta o lençol com mais força. Só não treme tanto.

- Na parede mãe - Ele fala como se tivesse visto um demônio.

- O que?

- Na parede...

 Ela e Flávio procuram nas paredes. - Aonde Junior? - Fala Luiza.
- Logo ali mãe - Ele fala isso tirando rapidamente o lençol do rosto, de modo que assusta seus pais. Com o dedo e pálpebras trêmulas, um rosto encharcado e com os olhos quase que sangrando, ele aponta para uma parte da parede que está iluminada por um facho de luz que vinha da janela que fica atrás de sua cama. - Ele tá olhando pra mim mãe. -  Junior se cobre de novo e puxa a perna que estava desprotegida.

- Não tem nada lá filho - Ele deixa ela o abraçar, parece que se acalma com a presença de seus pais. Flávio também se aproxima. - Estamos aqui Junior. - Fala ele.

- Ele vai tirando o lençol do rosto lentamente de uma forma que dá pra perceber em detalhes o sofrimento de cada parte de sua face. Sua testa franzida suando, sua sobrancelha descontrolada tremendo toda descompassada com o tremido das pálpebras, os olhos vermelhos, e logo abaixo olheiras muito escuras. Seu nariz expelindo secreções que tocam os lábios e descem também pelas bochechas. Chega até o queixo, já dá pra ver todo rosto. Uma mão de cada lado segurando o lençol.

 Luiza começa a limpá-lo e Flávio fica olhando em pé para a cena.
- Meu filho - Luiza quebra o silencio assustador. -, me diga o que você viu.

 Junior já ia começar a se atormentar mais uma vez - Não precisa ficar assim. Ela interrompe sua reação, - Ele se acalma -, só me diga.

- Mãe, ele tem um rosto horrível mãe. Fecho os olhos, mas lembro dele me olhando como se quisesse me pegar. Sinto ele se aproximando. Tento pensar em outras coisas, na escola amanhã, em Deus, mas ele não me deixa. Fecho e abro os olhos e parece que ele faz o mesmo como se me imitasse.

- Filho - Ela tenta acalma-lo - aquilo é só sujeira na parede, não é nada demais. Coisas da sua cabeça.

- Deve ser esses filmes de terror que tu vive assistindo. - Fala o pai insensível. - Nunca mais vou deixar tu assistir essas coisas no vizinho. - Flávio fala isso e volta para o quarto. - Vou é dormir que amanhã tem trabalho.

- Filho, vá dormir - Ela termina de limpar. Ele se acalma de vez. Está com sono. - ore mais uma vez e durma. Já é madrugada, daqui a pouco você tem que ir à escola.

  Ele meche a cabeça em afirmação - Certo mãe,  me sinto melhor.

- e fecha os olhos, lentos de sono.

- Vou indo filho - Enquanto fala, ajeita seu lençol e o acaricia. - , durma bem.

  Ela sai, fecha a porta. Os últimos a saírem do quarto são seus olhos.

  O quarto volta a ficar escuro, mas Junior já parece está dormindo. A casa agora parece está em paz.

  ...quando de repende se ouve: - Mããããããe ! Mããããe! Mãããe!



Por: Erik Kleiver

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Contos mal contados #8


O canto dos pássaros

De manhã cedo, no auge do canto dos pássaros, o homem acorda para ir ao trabalho, menino toma o café da manhã, a mãe se apronta, leva o filho á escola e também vai trabalhar. E os pássaros cantam.

Os pássaros parecem não cansar. Um percorre toda a extensão fina do fio de eletricidade que liga um poste ao outro, dando pulinho. Depois voa, mergulhando entre as folhas de um oitizeiro. Sai do outro lado com muitos outros pássaros. Fazem uma linda imagem, como se o oitizeiro expelisse com toda força milhares de seres voadores.

Eles voam e alguns pousam em um fio. Uns de frente, outros de costas. Não param de cantar.
De repente a música para. Todos ficam para o mesmo lado e fitam os olhos quase que de forma sincronizada para o ultimo pássaro lá do canto. Todos percebem que apenas ele permanecia calado enquanto todos os outros cantavam.
Eles voltam a cantar novamente, dessa vez mais baixinho, olhando para ele. Esperando pelo menos um ré maior sair do bico  dele. Ele só olha pro rosto dos que cantava, volta a sua posição e permanece em silêncio.

Do seu lado está seu amigo, Tomé. Que pergunta: - O que houve Lucas? Por que permaneces calado?  - Pergunta e olha para os outros , que os despreza e saem voando. – Estás vendo? – Continua Tomé – Isso não é normal.
Não precisa se preocupar – Lucas se vira pra Tomé, torna a virar o rosto, salta do fio, voa em direção ao oitizeiro e mergulha entre as folhas.

Tomé sem entender, o segue.
Eles estão cobertos por folhas, um facho de luz clareia apenas as costas de Lucas, enquanto todo o seu corpo fica escuro.  Tomé se aproxima, toca o seu ombro, mas ele não demonstra nenhuma reação. – O que aconteceu que você não canta mais? – Pergunta com uma voz de compreensão , pronto a ajudar. – Venho percebendo algo estranho em você já faz algum tempo, e essa coisa de você parar de cantar de vez assusta não só a mim mas também os outros, você deve ter percebido. – Tomé aperta o ombro de Lucas e pergunta: - Pode me dizer. Por que paraste de cantar?
Lucas olha nos seus olhos e fala: - Eles não nos ouvem mais Tomé ! – com uma voz desesperançada – Pra que continuarei a cantar se eles nos abafam com o barulho dos carros? Você vê aquele caminhão que passa todos os dias por aqui que além de nos deixar mudos, ainda enchem nossa cara com a poluição?  Está ouvindo esse som alto?  -  Pergunta com um rosto enojado – Que músicas são essas que eles ouvem? Não tenho mais Tomé. Todo o meu esforço agora, acho que não serve mais. Não sinto mais prazer nisso. Me desculpe mas não cantarei mais.






Por: Erik Kleiver

Contos mal contados #7


Sem precisar falar


Fred chega a sua casa muito cansado por mais um dia difícil na empresa onde trabalha. Aquele gerente chato parece complicar e acabar cada vez mais com a vida dele.
Ele abri a porta, com a mente tão cansada que quase chora. Julia escuta a porta se abrindo e vem correndo feliz para os braços de Fred. Ele larga a pasta no chão, folga a gravata e abri um sorriso exausto, mas sincero.
- Pelo menos em minha casa - pensa ele - , eu tenho um pouco de felicidade.
Eles se abraçam e Fred fica a acaricia-la. Ela não percebe, por estarem com os rostos um do lado do outro, mas ele deixa cair uma lágrima. Não tem nem mais forças para segurá-las.
De repente ela larga dele, e sai correndo em direção ao quarto onde ele dorme. Fred baixa a cabeça de joelhos olha pro chão e cai em pranto, como nunca.
Ela sai do quarto lentamente trazendo uma corda, com um rosto como se quisesse dizer: - Por que você faz isso? - Ela se aproxima, e ele toma a corda e fala: - Me abrace – fala isso e puxa ela. Eles se abraçam mais uma vez e ele continua a chorar, sem saber o que dizer. – Está vendo isso? - Ela fica olhando sério pra ele. – Eu só não fiz isso por sua causa, hoje cedo amarrei esta corda em uma madeira do teto... – Quase não consegue falar, fica pausando por causa de tanto choro. – coloquei ela no teto. Já estava tudo quase pronto. Quando te vi dormindo. Eu tenho você, ainda tenho razão para viver. Você ainda é minha felicidade. – Julia parecia está com olhos molhados. –Me perdoe – continua Fred - , não farei mais isso, nem pensarei. Vou cuidar de você. – Eles se abraçam novamente. – Tudo está bem agora. Fred solta mais um leve sorriso, parece está aliviado e seguro de está junto à Julia. – De repente ela late assustando Fred, que dá uma gargalhada. Pega a corda, enquanto Julia fica sentada no chão olhando para ele. Segurando firme aquilo que seria seu fim, ele diz: - Você nunca mais verá isso. – Ela fica olhando pra ele e parece balançar a cabeça em afirmação. Fred vai à cozinha e Julia vai o seguindo. Ele joga a corda no lixeiro da cozinha, pega a ração, põe comida na vasilha de Julia, e ela vai logo à comida, parecia está mesmo com fome. Enquanto ela come, ele, sorrindo, faz carinho nela. Comendo e abanando o rabo.

Por: Erik Kleiver