O monstro da parede
- Mãe! - Grita o menino.
Seus pais se
acordam. - o que será dessa vez? - Pergunta
Flávio, seu pai. - Enquanto a mãe se levanta rapidamente, Flávio vai
abrindo os olhos sonolentos.
Ela não fala nada e
sai correndo para o quarto de Junior. - O que foi meu filho? - Pergunta abrindo
a porta com toda força que bate na parede fazendo um barulho que assusta
Flávio, que também sai em alvoroço para o quarto de seu filho.
Junior está todo coberto. Dá para vê-lo segurando o lençol com as duas mãos por cima da cabeça e tremendo como nunca. Um dos pés para fora, como se o medo fosse tão grande que ele não tinha coragem de soltar o lençol, ou até de movimentar pelo menos um dedo se quer.
Junior está todo coberto. Dá para vê-lo segurando o lençol com as duas mãos por cima da cabeça e tremendo como nunca. Um dos pés para fora, como se o medo fosse tão grande que ele não tinha coragem de soltar o lençol, ou até de movimentar pelo menos um dedo se quer.
A luz que entra pela
porta faz da cama de Junior uma pintura que com certeza poderia se chamar de
"medo". - O que é que esse menino tem Luiza? - Pergunta o pai. Luiza
se aproxima do filho, sem dá atenção a Flávio. - Filho, o que foi? Diga a sua
mãe.- Ela se agacha do lado da cama, põe a mão direita sobre as mãos de Junior
por cima do pano, mas ele aperta o lençol com mais força. Só não treme tanto.
- Na parede mãe -
Ele fala como se tivesse visto um demônio.
- O que?
- Na parede...
Ela e Flávio procuram nas paredes. - Aonde
Junior? - Fala Luiza.
- Logo ali mãe - Ele
fala isso tirando rapidamente o lençol do rosto, de modo que assusta seus pais.
Com o dedo e pálpebras trêmulas, um rosto encharcado e com os olhos quase que
sangrando, ele aponta para uma parte da parede que está iluminada por um facho
de luz que vinha da janela que fica atrás de sua cama. - Ele tá olhando pra mim
mãe. - Junior se cobre de novo e puxa a
perna que estava desprotegida.
- Não tem nada lá
filho - Ele deixa ela o abraçar, parece que se acalma com a presença de seus
pais. Flávio também se aproxima. - Estamos aqui Junior. - Fala ele.
- Ele vai tirando o
lençol do rosto lentamente de uma forma que dá pra perceber em detalhes o
sofrimento de cada parte de sua face. Sua testa franzida suando, sua
sobrancelha descontrolada tremendo toda descompassada com o tremido das
pálpebras, os olhos vermelhos, e logo abaixo olheiras muito escuras. Seu nariz
expelindo secreções que tocam os lábios e descem também pelas bochechas. Chega
até o queixo, já dá pra ver todo rosto. Uma mão de cada lado segurando o
lençol.
Luiza começa a limpá-lo e Flávio fica olhando
em pé para a cena.
- Meu filho - Luiza
quebra o silencio assustador. -, me diga o que você viu.
Junior já ia começar a se atormentar mais uma
vez - Não precisa ficar assim. Ela interrompe sua reação, - Ele se acalma -, só
me diga.
- Mãe, ele tem um
rosto horrível mãe. Fecho os olhos, mas lembro dele me olhando como se quisesse
me pegar. Sinto ele se aproximando. Tento pensar em outras coisas, na escola
amanhã, em Deus, mas ele não me deixa. Fecho e abro os olhos e parece que ele
faz o mesmo como se me imitasse.
- Filho - Ela tenta
acalma-lo - aquilo é só sujeira na parede, não é nada demais. Coisas da sua
cabeça.
- Deve ser esses
filmes de terror que tu vive assistindo. - Fala o pai insensível. - Nunca mais
vou deixar tu assistir essas coisas no vizinho. - Flávio fala isso e volta para
o quarto. - Vou é dormir que amanhã tem trabalho.
- Filho, vá dormir -
Ela termina de limpar. Ele se acalma de vez. Está com sono. - ore mais uma vez
e durma. Já é madrugada, daqui a pouco você tem que ir à escola.
Ele meche a cabeça em afirmação - Certo
mãe, me sinto melhor.
- e fecha os olhos, lentos de sono.
- e fecha os olhos, lentos de sono.
- Vou indo filho -
Enquanto fala, ajeita seu lençol e o acaricia. - , durma bem.
Ela sai, fecha a porta. Os últimos a saírem
do quarto são seus olhos.
O
quarto volta a ficar escuro, mas Junior já parece está dormindo. A casa agora
parece está em paz.
...quando de repende se ouve: - Mããããããe !
Mããããe! Mãããe!
Por: Erik Kleiver
Por: Erik Kleiver
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