terça-feira, 29 de maio de 2012

CHOLOFOMPILA AVOADA #1

Começamos com uma homenagem ao velho Chico Science, o eterno Mangueboy !
Nascido em Olinda PE, Chico foi um dos fundadores e o maior nome do Manguebeat, estilo musical que misturava côco, carimbó,rock, funk, tudo isso com aquele maracatu de uma tonelada nos ouvidos dos que estão surdos. Mangue do caranguejo, do homem que sai da lama ao caos, e tranquilo toma aquela cerveja antes do almoço e fica pensando melhor, assim como Zapata, Sandino, Zumbi, Antônio Conselheiro, os Panteras Negras e Lampião. 

...a essas horas deve tá tirando uma onda lá no paraíso.










segunda-feira, 14 de maio de 2012

Contos mal contados #6

Instinto de rua
Por: Erik Kleiver

Estou bêbado, e nem me lembro de onde vim. Disseram-me que um homem de branco que vinha cantando na rua, me deu alguma coisa e eu bebi. Por isso estou assim. Está muito escuro. As luzes dos postes me fazem ver sombras de lobos. As pessoas em alvoroço entram em suas casas, e fecham as janelas. Devem ser lobos ferozes mesmo, mas nem sinto medo. Continuo a caminhar, cambaleando nessa rua sem fim, aquela luz fica cada vez mais longe. Tenho aquela sensação de que alguém me observa desde sempre. Nessa árvore os morcegos ficam me olhando, só vejo seus olhos, são morcegos. Do outro lado vejo um cachorro que começa a me seguir, vem se aproximando até que fica andando ao meu lado. Num silêncio mórbido, de repente aquele cão late de forma assustadora. Em um movimento instintivo pulo com os dentes em seu pescoço e como um animal estraçalho o miserável. E eu não lembro mais de nada. Apenas de seu sabor.

Contos mal contados #5

A morte prematura
Por: Juliana Carla S. Carvalho

2142, quinta feira, dia 22 de fevereiro. 23:55.

Era uma estrada de terra seca e árvores retorcidas que pareciam dançar ao som arrepiante do vento. As sombras das árvores produzidas pela lua, eram como se desejassem arrancar os espíritos dos viajantes com suas garras, para o mais profundo abismo da escuridão.
Nessas estradas de terra, rumo à Campina, fazia tanto frio como Fernanda nunca tinha sentindo antes. Sentiu um calafrio como se a morte estivesse por perto e acabado de tocá-la.
Na mesma hora pediu para que Anderson parasse. Estavam de viajem por dois dias. Começou a sentir febre e a suar frio. O esposo se preocupou, afinal, Fernanda estava no quinto mês de gestação.
Na estrada não passava ninguém e o frio apertava cada vez mais. Um pouco mais adiante avista uma luminosidade. Anderson fez o velho cavalo puxar a carroça novamente, desta vez, bem mais rápido para conseguir chegar até a porta do que parecia uma casinha de pau a pique. Já passavam de 00:05 da noite quando ele bate e grita por ajuda, mas Fernanda desmaia antes que alguém possa responder.

O sol já estava alto no céu, tão quente quanto ao meio dia. Um velho com seu chapéu de palha que escondia o seu rosto, montava em um asno. Tinha a pele castigada pelo sol, mas já estava velho demais para se preocupar com isso. Não olhava para os lados, já estava acostumado com a paisagem seca e com as poucas árvores retorcidas que ainda suportam o clima e as chuvas ácidas. Ele parecia que não havia lugar nenhum para ir, apenas seguia calmamente com seu velho asno que a muito lhe servia.
A viagem estava tranquila, até o animal de repente parar. O velho finalmente olha para frente, deixando que o sol iluminasse o seu rosto. Ele avistava uma carroça, abandonada no meio da estrada de terra. Franziu os cenhos e bateu levemente as pernas na barriga do asno, para que ele se aproximasse. Pôde ver um homem jovem, caído ao lado da carroça, mas o curioso era ele estar com um dos punhos fechados, tocando em uma árvore, como se fosse bater nela.
O velho desce do animal e se aproxima do homem que estava de bruços no chão. Toca no ombro, mas o homem nada responde, então faz certa força para virá-lo. E o que vê, é um rosto coberto de larvas que passavam livremente por sua boca, nariz e olhos. Mas em sua mão, estava uma aldraba.


domingo, 6 de maio de 2012

Contos mal contados #04


Olhos vermelhos de sangue
 Por: Erik Kleiver


Deitado na cama. Costumo dormir com as luzes acesas. Abro os olhos, quase acordando. Um rosto de olhos vermelhos, se aproxima e toca meu pé, descoberto por descuido. Um rosto, como se fizesse muita força, a boca se abrindo como se quisesse gritar, gritar muito alto, mas tudo fica em silêncio, começa a me puxar pelo pé. Entro em desespero de repente, mas logo torno a dormir, como se estivesse caindo numa cova sem fim, escuro, cada vez mais escuro. Não se via mais rosto, olhos, sangue, só sentia meu pé sendo puxado para o fundo. O vento batia cada vez mais forte, como socos no meu rosto, eu sentia penas passando por mim.
-Pássaros? Não ! Acho que são anjos!
Elas me faziam cortes pelo corpo, encharcando-me de sangue, fui morrendo aos poucos, da escuridão para escuridão, o buraco sem fim foi acabando. Morri, logo acordei, abri os olhos e as luzes estavam apagadas.

Metal cristão em Campina Grande - PB


Aconteceu no dia 1º de Abril, no Vila Mix(antigo Planet Hall)em Campina Grande, um show de rock/metal  com temática cristã. O evento contou com a presença da banda Antidemon, banda de grindcore/deathmetal muito conceituada nesse meio. Também vimos tocar bandas da região, Athar - CG, Fragmentos de um conflito - CG, Whiteflag - CG, The Sanctuary - CG e Estater – Remigio,  que apesar do pouco apoio e espaço, mostram e representam bem seu trabalho na cena.
O show foi produzido  pela Ichtus Produções, idealizada e organizada por Dickson Stalchus. Mesmo sendo do tipo de evento que recebe pouco apoio, um público instigado foi curtir e se dispôs a contribuir com a imagem da cena.
Esse tipo de evento é raro acontecer na cidade, até mesmo pelo preconceito. Como são bandas de metal, Hard core, Metal core, e que tocam suas músicas baseadas em idéias cristãs, elas são mal vistas tanto pelo meio cristão, por tocarem um estilo de música não muito agradável aos ouvidos moralistas, tanto pela cena do metal secular, já que normalmente essa galera não aceita bem a religião.
O show foi bem organizado, o grupo de segurança não teve muito trabalho, e tudo correu bem. As bandas fizeram boas apresentações que animaram o público criando uma energia boa no local.
A banda Antidemon foi a ultima a se apresentar e fechou o evento com um show muito empolgante. A grupo que tem à frente o Pastor Batista, tocou os clássicos, como Apodrecida, Massacre, Viagem, músicas que contribuíram e fizeram o nome da banda. Batista trouxe mensagens de amor, e com muito fervor mostrou a ideia principal do Antidemon, que é levar a mensagem de Cristo.
Em breve disponibilizaremos o vídeo/entrevista do show.

Segue abaixo algumas fotos do evento:



Antes do show
Galera de cidades vizinhas
Pessoal da produção
Estater

Galera da segurança
Galera curtindo ao som da Whiteflag
Juliana Batista na bateria do Antidemon
Momento de oração
Pastor Batista
Luiz - guitarrista do Antidemon
Depois do show
Antidemon, Dickson e Hugo

Antidemon e a galera depois do show
Guitarrista do Antidemon e produção








quarta-feira, 2 de maio de 2012

Contos mal contados #03


Soldado Vermelho

09 de Júlio, 06:01h
Encontro-me agora em meio a algo que uma das melhores saídas seria a morte, algo em que lutamos as cegas como peões de um tabuleiro de xadrez, apesar de sermos a maioria... Só temos uma escolha: seguir em frente.
Lutamos pela ganância de nossos superiores, recebemos ordens de pessoas que só sabemos que existem por causa de assinaturas em papeis impressos. Deixamos pais, esposa, filhos. Para saciar a sede de poder dos nossos “reis”. Nas minhas próximas folhas, relatarei algo que não é um conto de fadas, nem cenas distorcidas que vemos nos filmes hollywoodianos. Algo que existe desde os primórdios, que às vezes sabemos que não resultará em nada, mas mesmo assim fazemos, só para alimentar nosso ego e provar nossa superioridade: a guerra.

Quando embarcamos nessa jornada, vemos jovens vigorosos e animados, jovens que procuram mostrar do que são capazes. Vemos também aqueles arrependidos, forçados a entrar nesse grande labirinto de ruínas, fogo e desgraça.
Se alguém diz que hoje “o dia foi um inferno” foi porque nunca viu como é a guerra de verdade. Às vezes acordamos no meio da noite, escutando gemidos e gritos de soldados apavorados com pesadelos, tiro, fome... Frio. E às vezes, nem acordamos, nunca mais.
Muitos aqui perdem a fé, a humanidade, a alma. Aqui é visto o que pensávamos que nunca iríamos ver em todas nossas vidas. E não existem pausas. Todas elas aparecem de vez, como um trem desgovernado carregado de caos. Mas em um de seus vagões, apenas um. Há esperança. Algo que alguns a esquecem, e nem sabem mais o significado. Esperança esta de um dia voltar pra casa, rever os parentes, comer como um homem, dormir como um homem... Viver como um homem.
Qualquer dia pode ser o ultimo dia, qualquer dia uma bala sem destino de um homem destinado pode completar seu objetivo.

Balas cortam o ar como estrelas cadentes à noite, mas estas sentimos seu calor, ouvimos seu barulho e sua cor tão viva como nunca, e o nosso principal desejo é que não atenda o desejo de quem a libertou. A cada passo que damos, encontramos um amigo, às vezes sorrindo pra você, disfarçando o medo que o cerca. Ou liberto, pois a única forma de se ver livre de uma guerra é quando morremos. Elas nunca acabam. Elas apenas descansam e esperam o momento certo de voltar.
Bombas estouram em seus ouvidos como o milho de pipoca, por um momento achas que acabou, mas depois que recobra a consciência vê que ainda está no mesmo inferno de antes. Só que agora surdo, cego e cada vez mais sem rumo.

Quando perdemos nossa esperança, esvai-se com ela nossa crença. O Deus que nos protegia arredou-se como um cão covarde, o nosso deus é o rifle que empunhamos e nossa fé, a munição. Mas quando nosso deus escorrega de nossas mãos ou quando nossa fé acaba, somos apenas um herege sem salvação. Esperando apenas que a morte nos leve.
Perdemos nossas expressões com o tempo, alegria e tristeza são as mesmas. Para alguns a insanidade não tarda a chegar, e a saudade e esperança de rever nossa família são cobertas pelos rostos de amigos e inimigos mortos em batalha. Esquecemos que somos humanos.

A guerra amigos é uma sugadora de almas, destruidora de sonhos e amor. Onde os fracos e fortes perecem pela mesma causa, e seus corpos apodrecem do mesmo jeito. E na maioria das vezes seus nomes só são lembrados pelos parentes, após derramar suas lagrimas durante a ceia, quando olharem para seu espaço vazio da mesa e pensar em vão que um dia estarás ali novamente. Passasse anos aguardando ansiosos pelo seu retorno, enquanto os mais realistas só querem a noticia de como você morreu, e se seu corpo chegará em casa, para te darem o ultimo abraço e te sepultar com o devido respeito.
São 06h13min da manhã, já posso ouvir os barulhos de bombas e aviões carregados de explosivos, estou ferido. E creio que serei levado para casa assim como os outros sem serventia, acho que encontrei o vagão que faltava, estou esperançoso de rever minha família. Então, deixo aqui minhas ultimas palavras nesse lugar esquecido por Deus.
Será que a guerra é o único meio de ter a paz? Será que é destruindo que se cria? Sim, diriam nossos “reis” após nos mandarem seguir em frente no tabuleiro, pois a única forma de vencer o jogo é sacrificando seus “peões” e cortando o mal pela raíz, com um belo check-mat. Mas, o que diria eu?
Aqui os passarinhos não cantam como no jardim de minha casa, mas isso há de acontecer em breve. Só espero que o café de minha mãe ainda tenha o mesmo cheiro de antes, e esperaria que um dia esquecesse isso tudo, mas sei que esses fantasmas vão me perturbar durante anos e anos, até o dia de minha mor... – com um barulho ensurdecedor a porta da frente é arrancada, homens fardados começam a entrar rapidamente. Todos empunhavam suas armas com o cano quente logo após suas rajadas. Caminhavam a procura de sobreviventes para terminar a execução, em seguida, só encontram um homem caído com o rosto em sua própria poça de sangue, ele segurava uma caneta e ao seu lado uma carta que agora manchara. - Ein weiterer Mann starb träumen! – disse o soldado inimigo.


Por: Kadu Castro